Santander faz alerta para 3 ações com escalada dos fertilizantes e pressão para margens

O Santander reiterou sua recomendação neutra para as ações do Banco do Brasil (BBAS3), 3tentos (TTEN3) e SLC Agricola (SLCE3), a partir do avanço dos preços dos fertilizantes, devido a um persistente desequilíbrio entre oferta e demanda globais.
“A recente escalada das tensões geopolíticas entre Israel e Irã aumentou ainda mais a volatilidade dos preços, com os valores da ureia subindo acentuadamente nos últimos dias. Esperamos que isso se traduza em custos mais altos de insumos para os agricultores brasileiros, especialmente nas culturas de milho e algodão. Diante desses ventos contrários impulsionados pelos custos, reiteramos nossa recomendação neutra para todos os nomes ligados ao agronegócio”, explicam Laura Hirata, Henrique Navarro e Guilherme Palhares.
O banco enfatiza que o aumento das tensões no Oriente Médio já levou a um aumento de 12% nos preços da ureia. “Estimamos que cerca de 15% do fornecimento de gás natural do Egito pode ser interrompido devido à desaceleração da produção no Gasoduto Árabe. Somado ao baixo nível de exportações de ureia da China e da Rússia, esse cenário pode pressionar ainda mais o mercado de ureia”.
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Eles estimam que os fertilizantes representam cerca de 10% do custo total da produção agrícola no Brasil, o que evidencia a gravidade do aperto de rentabilidade em um setor que já está sob considerável pressão.
O efeito dos fertilizantes para as ações
Banco do Brasil
O Santander recentemente rebaixou as ações do BB para neutra (preço-alvo de R$ 26) por conta do cenário deteriorado para o setor do agronegócio, com a compressão das margens afetando a saúde financeira dos produtores.
“Não vemos catalisadores de curto prazo para uma recuperação de margens, considerando o aumento dos custos com fertilizantes e os riscos climáticos. Notavelmente, a previsão de um evento La Niña no segundo semestre de 2025 pode agravar ainda mais a situação no Rio Grande do Sul – que representa 8% da produção brasileira de soja – aumentando o risco de perdas adicionais de produção”
SLC Agrícola
Entre as empresas na cobertura do banco, a SLC Agrícola (preço-alvo de R$ 21) é a mais exposta à alta nos preços dos fertilizantes, que representam 20% do custo total da área plantada.
“Embora a soja não dependa de fertilizantes à base de nitrogênio, milho e algodão seguem vulneráveis. A empresa ainda não garantiu 43% de suas necessidades de nitrogênio para a safra 2025-26 e adiou as compras esperando preços mais baixos no verão do Hemisfério Norte. A SLC está mais exposta à volatilidade do mercado à vista, o que cria riscos de baixa para nossas estimativas de 2026.“.
3tentos
Apesar de acreditar que a 3tentos (preço-alvo de R$ 18) possa se beneficiar dos preços mais altos de fertilizantes no curto prazo, com aumento da receita por tonelada vendida, a compreensão contínua das margens dos agricultores tende a impactar negativamente o mix de produtos.
“Esperamos que os produtores reduzam a aplicação de fosfatos e passem a adotar cada vez mais defensivos agrícolas pós-patente. Além disso, a 3tentos segue exposta às condições climáticas adversas no Rio Grande do Sul, diante da possível chegada do fenômeno La Niña”.